HISTORIA DA MEDICINA REGENERATIVA

A medicina regenerativa, como definição, é todo o processo terapêutico que visa substituir, regenerar ou reparar tecidos ou órgãos humanos usando meios naturais. O potencial benefício é solucionar problemas com falta de órgãos, tratar doenças degenerativas, doenças crônicas. E a cronologia da medicina de melhor e primeiro mundo, ela vem lá da Grécia. O Deus prometeu, ele trouxe para o mundo o fogo e a sabedoria. Zeus não gostou, como o castigo, deixou Prometeus amarrado e uma águia durante o dia comia todo o fígado do Prometeus e ele que a noite regenerava o fígado. Veja que essa história, essa lenda é da antiguidade. Então já se sabia naquela época que o fígado poderia se regenerar.

 

No século XIX começam as primeiras pesquisas em regeneração e na verdade ali não eram com humanos o interesse, era a regeneração de membros em lagartos. Na década de 60, aí sim, foi a descoberta da célula tronco-hematopoética. Isso salvou muitas vidas, porque eles foram muito rápidos, muito sagazes, já começaram a fazer cultura dessas células hematopoéticas transplante de medula óssea para tratar os pacientes com leucemia. Isso foi um grande avanço. E depois vieram os transplantes de órgãos sólidos e aí que começaram os transplantes. O primeiro transplante foi de células hematopoéticas. Depois na década de 80, os primeiros estudos com transplante de pele e introdução da engenharia de tecidos criando órgãos em laboratório, esse é o nosso futuro, inclusive. Na década de 90, aí sim, a descoberta da célula-tronco embrionária humana, com todos os seus debates, né? Veio a ovelha Dolly, tudo muito bonito na época, mas surgiu também o debate ético que é importantíssimo, não só sobre o uso dessas células, mas sobre medicina regenerativa. Aí no ano 2000, sim, os avanços aumentam muito e a Manaca ganha um prêmio Nobel da medicina criando as células troncopoliripotentes induzidas que resolvem inclusive um problema ético, você pega uma célula adulta e transforma essa célula em célula tronco poliripotente e o desenvolvimento muito rápido dos processos de engenharia de tecidos.

 

E a partir de 2010 começam os ensaios clínicos em medicina regenerativa, principalmente do PRP em ortopedia, que eu tenho a honra de fazer parte do grupo de pesquisadores que publicaram de 2010 para cá os nossos avanços e as nossas contribuições para a medicina regenerativa. Eu gostaria de colocar também uma cronologia dos principais eventos do plasma rica em plaquetas. Por quê? Porque 99,9% dos pacientes com dor musculosquelética vão usar o PRP. É nível 1 de evidência para artrose do joelho, ruptura parcial tendão supraespinhal, toda a coluna, artrose do quadril. Então veja, seguro, eficaz, pode ser barato. E as outras técnicas elas ficam muito distantes do PRP custo e evidência científica eficácia e segurança. Então é bom a gente saber também a cronologia do que aconteceu com o PRP. O PRP, as primeiras pesquisas começaram na década de 50 já sobre regeneração óssea com o PRP, usando biomateriais. Antes disso já tinha sido usado por cirurgiões para acelerar a cicatrização da ferida cirúrgica. Na década de 80 começa os avanços em engenharia de tecidos visando a regeneração da cartilagem. Década de 80 tem a introdução do PRP na medicina regenerativa inicialmente para cirurgias, mas também para melhorar a cicatrização pós cirurgias, não só da ferida cirúrgica, quanto do alvo cirúrgico também.

 

E finalmente, na década de 2000 para cá, a popularização do PRP em tratamentos ortopédicos, como tendinopatias, lesões ligamentares e artrose, repetindo já com um nível de evidência muito bom. O nível de evidência do PRP é maior do que a grande maioria das cirurgias que são praticadas no Brasil diariamente. E deixar o marco aqui brasileiro que foi a regulamentação do plasma rica em plaquetas pela Anvisa em 2018. Então vejam, o Brasil tem a regulamentação do PRP já feita há 5 anos, apesar aí das confusões das outras entidades. O PRP tem vários benefícios né ele é autólogo, ele pode ser barato, ele é minimamente invasivo e as limitações é essa. Por outro lado, quando se usa kits importados ele pode ser caro, existe uma variação de preparações e algumas técnicas ainda, algumas indicações ainda precisam de evidências. Vou falar uma pra vocês, tendinopatia do tendão calcânimo. E por que que existe essas limitações? Por que que na artrose do joelho, artrose do quadril, coluna, tendinopatia do ombro é nível 1 de evidência e ali não? Por problemas metodológicos, não é defeito do tratamento, é defeito do pesquisador, que fez, cometeu erros ali metodológicos muito importantes.

 

Nós temos várias tecnologias, além do PNP, células-tronco, hoje já conseguimos fazer bioimpressão em 3D de células-viva e de órgãos, né. Isso vai ser o grande futuro. Os órgãos decelularizados, é uma grande ideia repovoar esses órgãos com células, os biomateriais que a gente tem usado bastante, que restauram ou substituem um tecido. E os nossos desafios futuros são esses, desafios e controvérsias. Então como criar um órgão complexo que é totalmente funcional, como resolver o problema das rejeições imunológicas e questões éticas. E essas questões éticas não é só sobre o uso de cela embrionária, direito do ador e outros não. Nós temos questões éticas muito importantes como, por exemplo, nós temos um trabalho do CERT que ensina, está publicado, isso é referência já em alguns serviços de saúde público, nós ensinamos como fazer o PRP com segurança, os alunos treinaram a fazer o PRP, esse PRP foi colhido, analisado por um laboratório independente e ele atestou a segurança de 100% desse PRP com um custo muito baixo. Então, num país que já tem esse tratamento que pode tratar próximo de 80% dos nossos pacientes que estão nos ambulatórios pronostoconsulares do SUS e esses tratamentos não são permitidos para esses indivíduos, para a população, sendo que enquanto a partida eles são tratados com anti-inflamatórios, corticoides ou tratamentos que podem ter efeito colateral, como fica a responsabilidade ética do legislador e do agente de saúde responsável pela implementação desses tratamentos para a população brasileira.

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